Fui a 5 shows de Caetano Veloso na Europa – e ele está melhor do que nunca

O artista terminou neste sábado (7) sua turnê internacional com 15 shows e ingressos esgotados


Caetano Veloso durante show em Roma, em 27/9 (Foto: Fabiana Seragusa/Culturice)

Espanha, Portugal, Itália e Suíça. Percorri esses quatro países em um período de 23 dias para acompanhar cinco shows de Caetano Veloso pela Europa, durante sua turnê internacional que começou em 6 de setembro e terminou neste sábado (7/10), em Paris.

Eu, que moro em Milão, quis aproveitar o máximo possível do show “Meu Coco”, que faz uma mescla arrebatadora de sons novos e sucessos pincelados de um repertório inesgotável de obras-primas. 

Clique do show de Madrid, em 6/9 (Foto: Fabiana Seragusa/Culturice)

Minha primeira parada foi em Madrid, no Ifema, onde também foi a primeira apresentação da turnê europeia. A grandiosa casa de espetáculos recebeu Caetano e sua banda de braços abertos, com brasileiros e espanhóis atentos a cada interpretação, a cada gingado, a cada interação.

Inclusive, vale dizer que uma das principais provas do alcance e da importância de Caetano mundo afora é observar que a maior parte do público é formada por moradores locais, apesar da presença maciça de brasileiros, claro. E isso aconteceu em todos os países.

Em Madrid, o artista dedicou o show ao cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler, presente na plateia.

Depois, foi a vez de Lisboa receber “Meu Coco” – das três sessões no Coliseu dos Recreios, assisti a duas. Caetano falou sobre fado e dividiu o palco com a cantora portuguesa Carminho, em duetos lindíssimos e emocionantes.

 

Já em Roma, na Itália, a apresentação aconteceu ao ar livre, no Auditorium Parco della Musica. Ao lado de Lucas Nunes (violão e guitarra), Alberto Continentino (baixo), Rodrigo Tavares (teclados), Kainã de Jêje (bateria e percussão) e Thiago da Serrinha (percussão), Caetano tirou o público das cadeiras muito rapidamente, e lá pela quinta música boa parte dos espectadores já estavam de pé à beira do palco.

Foi o único lugar (que eu vi) em que isso aconteceu tão rápido – geralmente, o pessoal se levanta só na parte final.

Para finalizar, foi a vez de ir à Genebra, na Suíça, para assistir ao show no Victoria Hall. O teatro é absurdamente fascinante, belíssimo, e deu um clima ainda mais elegante à apresentação.

Repertório abrangente e precioso

“Meu Coco”, “Anjos Tronchos” e “Não Vou Deixar” foram algumas das canções novas (do disco “Meu Coco”) do repertório, já incluídas no início do show. E, mesmo que a maior parte das pessoas ainda não conhecesse as letras, ficava claro o interesse e a atenção a cada palavra, a cada melodia. A beleza da voz e a qualidade dos músicos proporcionam isso. 

Destaque para a minha preferida, “Ciclâmen do Líbano”, que sempre cria uma atmosfera envolvente e sensual por meio de batidas e sons hipnotizantes.

Mas é claro que muitas e muitas músicas famosas entraram em cena, como “Sampa”, “You Don’t Know Me”, “Reconvexo” e “O Leãozinho”, fechando com um trio matador: “Lua de São Jorge”, “Odara” e “A Luz de Tieta”.

Menções carinhosas para “Cajuína”, sempre uma delícia, “Baby”, em homenagem à Gal Costa, e “Pulsar”, que encanta pelo seu diferencial criativo, mesclando voz, sons e luzes em uma simbiose perfeita.

Uma que eu também queria muito ter ouvido? “Qualquer Coisa”, porque amo e porque esteve no repertório de alguns shows desta turnê, então achei que talvez pudesse ser tocada por aqui também. Mas diante de shows tão completos, profundos e emocionantes, agradecer por ver Caetano Veloso tão radiante é a única coisa possível. Ele está melhor do que nunca.