Gregorio Duvivier estreia “Sísifo” em Portugal

A temporada começa nesta quinta em Lisboa e passa por outras quatro cidades


“Sísifo” (Elisa Mendes/Divulgação)

Recém-agraciado com um prêmio Emmy pela comédia “Especial de Natal: Se Beber, Não Ceie”, do canal Porta dos Fundos, Gregorio Duvivier chega a Portugal para uma temporada de seis apresentações.

Ele vem com seu novo espetáculo, “Sísifo”, no qual sobe e desce uma rampa (no mínimo 40 vezes) e aborda, em cada um dos trajetos, uma história diferente – ou a mesma história incluindo novos elementos. É curioso, instigante e tem um efeito impactante sobre a plateia.

A peça, encenada por Gregorio Duvivier com direção de Vinicius Calderoni e texto dos dois, terá duas sessões no Teatro Tivoli, de Lisboa, nesta quinta (28) e na quarta (4/12), fechando a miniturnê (ingressos de € 17,50 a € 25).

Nesse ínterim, ele passa por Braga (30/11), Caldas da Rainha (1º/12), Porto (2/12) e Estarreja (3/12).

“Sísifo” (Elisa Mendes/Divulgação)

Sobre “Sísifo”

A inspiração para o espetáculo foi o mito grego de Sísifo, homem condenado a empurrar uma pedra gigante até o alto de uma montanha por toda a eternidade. “Mesmo sabendo que não vai dar em nada, continuamos tentando. Essa tentativa é o que organiza a nossa experiência na Terra”, disse Gregorio em entrevista ao Culturice.

O que se vê no palco não são apenas reflexões sobre dilemas do nosso dia a dia, mas fragmentos que revelam uma sociedade doente e atormentada, no Brasil e no mundo. A peça mostra, por exemplo, o drama de um rapaz que decide cometer suicídio pulando de um prédio – e faz uma “live” na internet para anunciar sua atitude. Tem também a poética personagem que vendia brigadeiros e agora passou a vender sentidos para a vida.

“Sísifo” (Elisa Mendes/Divulgação)

Em outro momento, um motorista de carro por aplicativo divaga sobre como a sua vida está intimamente ligada às vidas de seus passageiros, enquanto em outra subida e descida de rampa Gregorio ressalta o absurdo no uso de tantas sacolas plásticas, que duram mais do que o próprio homem.

“Sísifo” fala das tragédias de Brumadinho e Mariana, do incêndio no Museu Nacional, dos gays assassinados, das mulheres mortas por seus maridos. Mostra o caos na política, a iminência do fim da humanidade, o apocalipse. 

Tem muito humor, muito drama e muito suor – o ator corre, pula, se joga e fica exausto com toda a ginástica teatral exigida em cena. Mas o esforço vale a pena, porque o resultado é uma peça criativa, inteligente e necessária.

“Sísifo” (Elisa Mendes/Divulgação)