Enfim, chegou o grande dia!
A Itália autorizou a reabertura de seus teatros e cinemas nesta segunda-feira (15), após o lockdown que começou em 9 de março com o fechamento do comércio não essencial e das atividades culturais.
O Culturice não perdeu tempo e já no primeiro dia foi conferir a sessão do Teatro Menotti, em Milão, com o espetáculo “Far Finta di Essere Sani”.
Veja vídeo com imagens do teatro:
Antes de contar como foi a experiência, é bom dizer que, mesmo com a possibilidade de reabertura, a maioria dos teatros e dos cinemas ainda não voltou a funcionar – ou porque infelizmente fecharam as portas de vez ou porque ainda não acham viável retornar as atividades dessa maneira.
E quais são as medidas obrigatórias?
- máximo de 200 pessoas em locais fechados (incluindo público, artistas, operadores, técnicos)
- máximo de 1.000 pessoas em locais abertos
- percurso separado para entrada e saída
- privilegiar compra de ingressos via site
- distanciamento de ao menos 1 metro entre as poltronas, tanto para o lado quanto pela frente
- distanciamento mínimo de 2 metros entre artistas e público
- obrigatório o uso de máscaras, inclusive durante as apresentações
- possibilidade de medição de temperatura (quem estiver com 37,5°C ou mais não pode entrar)
- a bilheteria precisa ter uma barreira física que a separe do público
- frequente limpeza e desinfecção dos ambientes
- em caso do uso de ar-condicionado, é proibida a utilização da função de recirculação de ar
Veja galeria de fotos:
Teatro-Menotti-6
Reabertura Teatro Menotti
Quando as primeiras cidades italianas começaram a ser fechadas, em 22 de fevereiro, a gente pensava que a disseminação do novo coronavírus estivesse razoavelmente sob controle e que o problema se resolveria rápido. Mas não foi assim. Em 9 de março, a Itália inteira foi fechada, e foram meses sem poder sair de casa a não ser para ir ao mercado ou à farmácia.
Retorno da cultura? Teve um momento que isso parecia quase impossível, um desejo muito distante. Mas esse dia chegou.
No dia 15 de junho, quando o governo liberou o funcionamento de teatros e cinemas, alguns espaços deram início à programação já à 0h01, caso do Teatro Menotti. O espetáculo escolhido foi “Far Finta di Essere Sani” (“Fingindo Ser São”), uma mistura de interpretação e show, com textos e músicas falando sobre amor, impotência, liberdade e sanidade.
O elenco contou com 6 atores e instrumentistas – eles não precisam usar máscaras, mas têm que manter o distanciamento.
Emilio Russo, diretor do teatro, conta que só puderam colocar à venda 120 dos 500 lugares disponíveis. “Mas não importa, o que interessa é fazer nosso trabalho. A gente terá tempo para fazer contas, para o bom senso. Teatro se faz somente fazendo teatro.”
Apesar de os ingressos para as três sessões especiais pós-quarentena terem se esgotado, Emilio diz que o momento é de observar com cautela os próximos passos, como tudo vai acontecer. “Nós não sabemos se as pessoas vão querer voltar ao teatro, frequentar o teatro, se as pessoas acham isso oportuno nesse momento.”
Mudanças no teatro
Logo na entrada, a funcionária mediu a temperatura de cada espectador: se alguém registrasse 37,5°C ou mais, não poderia entrar. Álcool gel estava disponível tanto no hall quanto na entrada da sala.
Mas é ao entrar na sala de teatro pela primeira vez pós-quarentena que o impacto é maior. Poltronas espaçadas de uma forma que a gente nunca viu, com cadeiras sozinhas ou em dupla (para serem usadas por quem mora junto, de acordo com as instruções). O teatro versão 2020 não é mais o mesmo, assim como nós também não somos.
Não é uma exigência retirar as cadeiras que não serão usadas, assim como o Teatro Menotti fez, mas claramente é algo muito importante e que ajuda muito, já que evita que o público tenha que passar bem próximo a outras pessoas para chegar ao seu lugar.
As pessoas mantiveram a distância mínima obrigatória durante todo o tempo, mesmo antes de o espetáculo começar. Durante a sessão, algumas pessoas acabaram tirando suas máscaras (a clássica “máscara no queixo”), mas a grande maioria permaneceu com elas (é obrigatório).
Após a apresentação, obviamente carregada de muita emoção, uma funcionária avisou que a saída da sala seria aos poucos, fileira por fileira, para evitar aglomeração. E tudo correu tranquilamente, como deve ser.
Se teatros e espectadores cumprirem as medidas de higiene necessárias, com cuidado e bom senso, as experiências ao vivo podem voltar a acontecer mais e mais vezes, da forma mais segura possível.
Uma vida com menos medo e mais arte.
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