Morar em Portugal e poder ver Luana Piovani e Marcos Caruso no teatro é um privilégio. Os artistas estão em cartaz atualmente no Casino Lisboa: ele, com a peça “Cheque-Mate”, na qual contracena com atores portugueses; ela, com o espetáculo “Cantos da Lua”, que celebra seus 35 anos de carreira em meio a histórias pessoais e números musicais.
Estrelas da cultura brasileira, eles participam da nova edição do projeto 5 por 5, do Culturice, e trocam perguntas sobre temas como teatro, redes sociais, Portugal, feminismo e stand-up.
O projeto 5 por 5 tem como objetivo estabelecer diálogos ricos e interessantes a partir da conexão entre diferentes áreas, gêneros, experiências e pensamentos. Sempre teremos a participação de duas personalidades, e cada uma fará 5 perguntas para a outra, sobre qualquer assunto – dá para falar sobre arte, política, filosofia, família, sentimentos, sociedade, o que for. Por isso, a curiosidade não fica apenas em relação às respostas, mas também em saber quais serão os questionamentos elaborados pelos participantes.
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Luana Piovani entrevista Marcos Caruso
Luana Piovani – Qual a diferença, para você, ator, entre fazer teatro aqui e no Brasil?
Marcos Caruso – O público português ouve teatro. É um povo afeito à palavra. É o povo do verbo. Eu sinto que a plateia portuguesa está mais atenta ao que se diz do que o que se vê. No Brasil, nós temos a cultura do descartável, do imediatismo, mais importante é o que se vê à frente. A plateia portuguesa aplaude em muito mais tempo e intensidade, sinto que existe um respeito maior pelo abrir e fechar das cortinas.
Luana Piovani – Teria coragem de mudar-se?
Marcos Caruso – Não tenho medo de mudanças. As mudanças sempre me estimularam, na vida. Só não gosto das definitivas. O que nos acomoda, leva à estagnação. Ainda não é um desejo forte, mas uma interesse constante.
Luana Piovani – Conseguiria eleger uma ou duas peças favoritas suas (como espectador)?
Marcos Caruso – “Rasga Coração”, de Osvaldo Viana Filho, e “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto.
Luana Piovani – O que você pensa sobre stand-up?
Marcos Caruso – Um gênero de humor extremamente divertido, quando bem feito. Mas não é teatro.
Luana Piovani – Pensa que, no mundo contemporâneo, a cultura está pouco valorizada?
Marcos Caruso – A cultura faz pensar, refletir, tomar posições. E não são todos os detentores de poder que gostam de um povo pensante. Onde estes comandam, a cultura será sempre pouco valorizada e confundem cultura com cultuar. Cultura é cultivar.
Marcos Caruso entrevista Luana Piovani
Marcos Caruso – Você se considera uma feminista?
Luana Piovani – Me considero super feminista e sempre fui, mesmo não conhecendo o termo. No colégio, miúda ainda, era eu que ia discutir e reivindicar nosso espaço no recreio, com os meninos hehee
Marcos Caruso – As redes sociais mais ajudam ou atrapalham?
Luana Piovani – Olha, eu digo que opero milagres com a minha rede social, e é verdade. O que já conectei, ajudei, salvei gente nas redes sociais não foi pouco, mas sei da parte nociva, porém, não me deixo ser vítima. Uso conscientemente, só lamento ver o quanto falta lucidez nas pessoas, para que pudessem utilizar da mesma forma que eu.
Marcos Caruso – O que o teatro te deu ou dá de mais precioso?
Luana Piovani – O teatro me traz o encontro. Vidas! Amo gente, tenho sede de público. Acho sagrado o que acontece dentro dos teatros; aquele encontro mágico e único!
Marcos Caruso – Por onde você começa a construção de um personagem?
Luana Piovani – Sabe que não sei, não tenho um método, sou intuitiva. Penso que me deixo sentir durante as minhas leituras e através das sensações e sentimentos vou desenhando a história dela. De onde vem, chego ali como, e vejo o que a história em si me traz, os outros personagens, o habitat conta muito também. Um baita quebra-cabeça, né, amado, e nois gosta!! Heheee
Marcos Caruso – Portugal é para sempre?
Luana Piovani – Naaão. Mais dez anos, aí dou uma vassoura na mão de cada filho e devo ir ser feliz na Itália. Me piace molto.